quarta-feira, 25 de maio de 2011

Casal de extrativistas é assassinado no Pará

Notícia tirada do odiario.com

Casal que lutava contra devastação florestal é assassinado no Pará

Um casal que desde 2008 lutava contra a devastação florestal e a exploração ilegal de madeira a 50 quilômetros do município de Nova Ipixuna, no sudeste do Pará, foi assassinado a tiros por pistoleiros ontem pela manhã em uma estrada vicinal. A polícia abriu inquérito para apurar o caso, mas ainda não tem pistas dos criminosos.
José Cláudio Ribeiro da SilvPublicar postagema e Maria do Espírito Santo, que havia pelo menos três anos sofriam ameaças de morte, foram surpreendidos por pistoleiros em uma estrada que leva ao projeto de assentamento agroextrativista Praia Alta Pirandeira, uma área de 22 mil hectares às margens do lago da usina hidrelétrica de Tucuruí, onde vivem 500 famílias.
Residente na comunidade de Maçaranduba, onde era conhecida pela defesa que fazia da floresta, a dupla não teve qualquer chance de defesa e recebeu tiros na cabeça e no peito.
Homens em atitudes estranhas, de acordo com familiares do casal, nos últimos dias rondavam a residência do casal, principalmente à noite. Para intimidar, eles costumavam disparar tiros para o alto e depois desapareciam em motocicletas A suspeita é de que estariam a serviço de madeireiros incomodados com a vigilância que os dois exerciam para que as florestas em volta do assentamento não fossem derrubadas.
Até animais da propriedade deles foram mortos como aviso para que parassem com as denúncias de desmatamento.
O secretário de Segurança Pública, Luiz Fernandes Rocha, mandou uma equipe de peritos do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, sediada em Marabá, e determinou a ida ao local de um grupo de policiais civis da Superintendência Regional do Sudeste Paraense e da Delegacia de Conflitos Agrários (Deca) de Marabá, para apurar as circunstâncias dos crimes.
Toda a área da reserva extrativista do assentamento é rica em espécies de madeira nobre, como angelim e jatobá, de alta cotação no mercado internacional. A castanheira, cujo corte e comercialização estão proibidos na Amazônia há mais de vinte anos, também sofre ataques contínuos dos madeireiros.
A propriedade do casal tinha 80% da mata preservada. Eles viviam havia 24 anos na região e integravam o Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), uma organização não-governamental criada por Chico Mendes, assassinado no Acre na década de 80 por também defender a floresta.
Para o diretor da Regional Belém do CNS, Atanagildo Matos, as vítimas deixam uma lição, que é o ideal dos extrativistas da Amazônia: permitir que o povo da floresta possa viver com qualidade, de forma sustentável, com o meio ambiente. Ele pediu que o Ministério Público Federal e a Polícia Federal investiguem o caso.
"Meu tio deu a vida por um ideal, que é a preservação da Amazônia", declarou Clara Santos, sobrinha de José Cláudio. Ela disse que o tio e Maria da Silva sobreviviam da extração de óleos vegetais, como andiroba e castanha. O projeto agroextrativista, por esforço de José Cláudio, mantém um convênio com o Laboratório Sócio-Agronômico do Tocantins, da Universidade Federal do Pará, para produção sustentável de óleos vegetais.

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